EUROPA
EUROPA…
Ratto
d’Europa (o Rapto da Europa), Francesco Albani -pintor barroco, Itália, 2º quartel do século XVII (óleo sobre tela) -
Sala della Apoteosi – acervo do Palazzo Colonna, Roma
A
Europa é um 7 dos continentes. Estende-se do Ártico, a norte, ao Mediterrâneo,
a Sul, do Atlântico a ocidente aos montes Urais a leste (Rússia).
Geograficamente
falando, nunca foi um espaço claramente definido. Sendo o mais pequeno dos
continentes, não conta com montanhas intransponíveis nem uma rede hidrográfica
inultrapassável, os romanos cedo o perceberam ao fundar o Império.
“
A Europa, como todos os continentes, é filha da geografia e da história.”
(Jacques Le Goff). Digamos, então, a geografia política deste continente vai
sendo moldada pela história (ocupações, invasões e revoluções), fazendo dele um
palco para as maiores transformações da história da humanidade. A EU, como
grande bloco económico, é a mudança de destaque na atualidade.
A
base económica é cimento visível, mas por si só não basta. Como dizia Jean
Monnet “ Si j’était à refaire, je
commencerai par la culture” (Se vou refazer, começarei pela cultura).
Ora, a Europa como invenção cultural funda as suas raízes no mito e na cultura grega antiga. É, em suma, uma invenção grega. O nome Europa é usado pela primeira vez pelo poeta Hesíodo (séc. VIII-séc. VII a.C.).
Mas
qual a origem do nome Europa?
A
origem é lendária e remete-nos para a cidade de Tiro, nas margens do
Mediterrâneo Oriental (actual Líbano). Reza a lenda que aí vivia uma linda
princesa fenícia, filha do rei Agenor.
Nos
seus sonhos, duas terras reclamavam a sua pessoa: uma, a terra da Ásia
chamava-a; outra, a terra em frente, reclamava-a a mando de Zeus, o deus dos
deuses gregos.
Quis
o destino que ao acordar a linda princesa decidisse apanhar flores à beira mar
e avistou um possante e belo touro branco. Tão afetuoso lhe pareceu o animal
que se sentou no seu dorso. Uma vez instalada, o touro de imediato levantou voo
e rapidamente Europa se apercebe que ele não era mais do que Zeus
metamorfoseado.
Para
onde a leva Zeus? Para a ilha grega de Creta, onde consuma o seu amor por ela
e, claro, mais uma das suas traições a Hera, sua esposa.
Da
união de Zeus com a Europa nascerão vários descendentes, os mais famosos são
Sarpédon (que auxiliou Príamo na guerra de Troia) e Minos (futuro rei de Creta).
E aqui temos a lenda do RAPTO DA EUROPA, tantas vezes imortalizada e reinterpretada na
arte, na literatura, na religião e na política.
No
coração deste mito encontramos a questão da interligação entre povos da Europa
e de terras mais distantes.
Se pensarmos no mito como uma forma alegórica/metafórica de recontar algo real, mas complexo, poderemos pensar neste rapto como a forma da Grécia antiga, vista como ponte da herança judaico-cristã, importar através da civilização hebraica todo o riquíssimo património literário – mitológico da antiga Mesopotâmia, berço da civilização. A reforçar esta ideia teremos presente que a Cadmo, herói lendário grego, fundador da cidade de Tebas e irmão de Europa, foi atribuído a significativa ação de introduzir o alfabeto fenício na Grécia e através dela cimentar-se-á o Alfabeto ocidental.
Bibliografia
LE GOFF, Jacques – A Europa contada aos Jovens, Gradiva, Lisboa, 1997
ROCHA, Acílio da Silva Estanqueiro -O “Rapto da Europa”: hermenêutica e multiculturalismo, in FORUM 35, editora Universidade do Minho, Jan-Jun. 2004, pp.3-39
“À Descoberta da Europa”; serviço das publicações da União Europeia, 2020
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